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A Arte, o Conceito e o Estilo

Postado em: 18/09/2009 por Flávio Schmidt

Para compreender plenamente o princípio da Arte, Conceito e Estilo, é necessário fazer uma análise criteriosa do comportamento do mercado, dos profissionais de comunicação e, em especial, os de Relações Públicas. Existem, sem dúvida, muitos profissionais brilhantes atuando, mas há uma questão que deve ser analisada mais detalhadamente nesse contexto.

Vamos começar pelos três tipos de profissionais existentes:

Profissional Acadêmico - Professor Pesquisador-científico

É aquele que está dentro da universidade, estudando, pesquisando, aprofundando-se, criando novos conceitos e desenvolvendo estudos na sua área de atuação e campo de conhecimento. Este profissional tem papel fundamental porque está recriando sistematicamente a arte da atividade e da profissão.

Profissional - Praticante

Aquele que, independente da sua especialidade, vai para o mercado e se transforma passando a fazer seu trabalho como o mercado faz.

Sem sombra de dúvidas, poderia dizer que o mercado impõe sua força de maneira incontestável, e que por causa disso a grande maioria, quase a totalidade dos novos profissionais, vão para o mercado e se deixam transformar no primeiro momento em que pisam nele.

A fase mais difícil da carreira é seu início. O aluno vai para o mercado e não pode ser um estagiário porque já é um profissional, mas também não consegue atuar como verdadeiro profissional porque ainda não tem experiência para assumir responsabilidades.

Como o mercado é imperativo, ocorre o seguinte:

Estudamos toda uma fundamentação de comunicação, seja em relações públicas ou jornalismo, como também em marketing e publicidade para depois invariavelmente exercitar outra atividade diferente da que aprendemos na universidade. Deixamos de aplicar todo o conhecimento adquirido, fazendo tudo do jeito que o mercado diz que temos que fazer.

Os jornalistas aprendem as técnicas do jornalismo tradicional e sem nunca praticar a verdadeira função jornalística, que é a apuração dos fatos para transformá-los em notícia do interesse de seus públicos, vão direto se aventurar nas práticas de relações públicas.

Os profissionais de relações públicas vão fazer um tipo de assessoria de imprensa, transformada pelos jornalistas em divulgação jornalística, que não corresponde ao que aprenderam na universidade e, pior do que isso, a maioria ficará nessa função para sempre e nunca exercitará a verdadeira prática de Relações Públicas. Ou vão direto para as redes sociais fazer uma comunicação de relacionamento, que, embora se aproxime das características de relações públicas, é utilizada como uma forma de marketing ou brand, não mais do que isso. 

Os profissionais de marketing acabam diversificando suas funções e vão fazer marketing institucional, social ou endomarketing (ações de Relações Públicas) e também invadiram as redes sociais, nesse caso magnificamente, e os publicitários, inimaginavelmente, vão atuar num negócio chamado Comunicação Corporativa que, entre outras coisas, envolve a atividade de assessoria de imprensa e mídias sociais em departamentos criados dentro das próprias agências.

A universidade se esforça para diminuir a distância entre ela e o mercado, mas comete o pecado capital de buscar incessantemente sua integração curvando-se a ele, que não dá a menor importância para os fundamentos teóricos ministrados por ela. Desenvolve programas de integração universidade escola, mas não percebe que está trabalhando contra seus próprios propósitos e princípios.

Apesar de todos os esforços não existe nenhuma ponte segura entre o ensino e a prática da comunicação. Os próprios alunos se curvam ao imperialismo do mercado, abandonando os princípios e fundamentos aprendidos na universidade. E, por razões inexplicáveis, ao deixarem a universidade recomeçam o aprendizado submetendo-se às regras e práticas impostas por ele.

Construir a ponte da integração não é abrir um canal de relacionamento e deixar prevalecer a força do mercado. O processo de integração ideal é o da troca do conhecimento, fazendo com que o mercado assimile os fundamentos de cada profissão e tire proveito deles para o resultado de seus trabalhos nas empresas.

Certo ou errado, não interessa aqui, esta é a realidade. O que vale é a constatação de que o mercado é assim e com ele temos que trabalhar. Por isso, é melhor nos preparamos com conhecimento e postura adequados para sobreviver e impor nossa profissão, que é o mínimo que cada profissional deve fazer em sua carreira.

Vamos avaliar então como ser fiel aos princípios e fundamentos aprendidos na universidade. Para isso, vamos conhecer o terceiro tipo chamado simplesmente de profissional.

O Profissional

Aquele que estudou, aprendeu, foi para o mercado, impôs o seu conhecimento, adaptando e acrescentando formas novas sim, mas respeitando os fundamentos aprendidos na universidade. Dessa forma, valorizou a profissão e contribuiu efetivamente para o resultado positivo dos programas e projetos empresariais, conquistou respeito e reconhecimento e fez sucesso pessoal e profissional. O verdadeiro profissional tem a visão certa, atuando de modo orientado, respeitando a fundamentação da profissão que aprendeu e praticando esses conceitos para que o mercado e a sociedade possam tirar proveito deles.

Sei que pode parecer filosofia demasiada, mas ela é muito importante. Se o nosso trabalho não se pautar no conhecimento, no saber de nossa profissão, como será o futuro? Desvirtuado e com a sensação frustrante de que falta algo mais para nós? Tome como exemplo a própria profissão de Relações Publicas.

Os cursos de pós-graduação em Relações Públicas e Comunicação Organizacional estão cheios de jornalistas e de profissionais de outras áreas, que vão complementar conhecimento, a fim de poderem atuar de maneira correta, já que estão trabalhando numa área diferente daquela que estudaram.

Os profissionais de relações públicas, que estudaram na graduação exatamente o que o mercado está exigindo dos profissionais das outras áreas, estão, estranhamente, desprestigiados e sem reconhecimento. Pior que isso, são muitos os RPs frustrados com sua atuação no mercado, que retornam aos estudos, freqüentando os mesmos cursos de pós-graduação em Relações Públicas e Comunicação Organizacional tendo que rever tudo o que já aprenderam na graduação.

Para não viver frustrado, você não tem necessariamente que voltar a estudar e rever os mesmos conceitos já aprendidos na graduação. Você tem que praticar o que aprendeu do modo como aprendeu. Tem que praticar o conhecimento adquirido na universidade. Você tem que fazer valer o seu conhecimento, com postura, atitude e comprometimento. Assim começa o processo da arte, do conceito e do estilo.

Mas, afinal, como fazemos isso na prática? Como podemos transferir esse conhecimento para o mercado?

O que desejo neste momento, é criar essa ponte, é demonstrar aos profissionais de comunicação e, principalmente aos alunos, que existe uma maneira certa de fazer comunicação, que é fazer de maneira fundamentada, respeitando os preceitos e princípios que norteiam cada uma das especialidades e, sem disputa e competição, somá-los, integrá-los, sem desvirtuamento.

Para isso temos que falar um pouco do que fazer, de como fazer, para que fazer.

Vamos falar sobre a Arte, o Conceito e o Estilo.

A Arte é o Saber

O Saber é estudar e conhecer profundamente a área que escolheu. Identificar e compreender qual é o exato propósito da profissão escolhida, a quê ela se destina, qual sua finalidade e benefícios que produz.

Uma profissão só existe se contiver um propósito voltado para o bem da sociedade e os recursos e instrumentos necessários para produzir os seus efeitos de forma concreta e real. O profissional que não entender e respeitar o propósito de sua profissão e não desenvolver a arte do saber completo e profundo dela, não estará apto, nem digno de exercê-la. Todas as profissões têm um propósito, que deve ser respeitado, assim como todo profissional deve compreender e respeitar o propósito das outras profissões, mesmo que ela se assemelhe e pareça ser tão simples que qualquer pessoa possa exercê-la.

Para praticar a arte da profissão o profissional tem que conhecer, além do seu propósito, também sua concepção maior, seus princípios, fundamentos e técnicas. Tem que conhecer todo o instrumental que torna possível praticar seus fundamentos e torná-los reais. Se o profissional mantiver-se praticando somente os aspectos superficiais de sua profissão, não estará praticando sua arte.

Estará apenas utilizando o instrumental sem o apoio e a força de sua concepção. Estará fazendo seu trabalho, mas produzindo resultados medianos. Será como deslizar num lago ou oceano, apoiado num instrumento flutuante, pela superfície da água, sem nunca ter a oportunidade e o prazer de conhecer a profundidade e aproveitar as belezas do lugar em que se está navegando . 

Aqui fazemos a primeira associação com o profissional praticante. Ele se torna praticante quando se deixa envolver pelas imposições do mercado e, tecnicamente, passa a executar sua profissão na superficialidade, sem respeitar integralmente seu propósito, sem atuar com profundidade e, muitas vezes, enganando-se, praticando a superficialidade de outra profissão, confundindo sua atividade com outras atividades profissionais.

Em Relações Públicas, a arte da profissão é Transformar Preconceitos em Conceitos. É produzir resultados pela harmonização de expectativas e satisfação de necessidades. Não dá para fazer Relações Públicas de verdade sem praticar a arte que ela contém.

O Conceito

O Conceito é fundamentar a prática em princípios, valores e técnicas. Quer dizer, nunca deixar de praticar a profissão da maneira certa, respeitando os princípios fundamentais dela e fazendo com que a ação correta se transforme em benefícios para a sociedade. O primeiro passo para empreender essa tarefa, já que o profissional conhece como e porque fazer isso é compreender os princípios organizacionais, sua dinâmica e necessidades precípuas e permanentes.

As organizações, de que natureza for, são, antes de tudo, organismos sociais humanos e toda sua dinâmica estará submetida a essa condição. Assim, dois fatores deverão ser considerados pelo profissional de comunicação: o humano e o comunicacional.

O fator humano está relacionado à dinâmica sócio-comportamental, a partir de sua sensibilidade, percepções, desejos e necessidades básicas individuais e grupais. As pessoas, dentro de uma organização, atuam para atender plenamente essa dinâmica e satisfazer suas necessidades individuais e do grupo a que pertencem.

O fator comunicacional é o elemento que torna real a dinâmica comportamental e o único e exclusivo fator que possibilita a satisfação plena de todos os aspectos que a envolve.

Os fatores - humano e comunicacional - formam a estrutura básica das Relações Humanas, em todas as suas variáveis. Essa concepção é a base sustentável do processo de comunicação em toda e qualquer organização humana. Portanto, a comunicação é o fator determinante de harmonia, satisfação e resultados de qualquer processo administrativo organizacional. Só que, nesse caso, o processo da comunicação deve conter em seu escopo os mesmos elementos da dinâmica sócio-comportamental e comunicacional das organizações.

Assim, temos que ressaltar que Relações Públicas, em sua verdadeira concepção, contém essa estrutura e permite que o profissional utilize os recursos e instrumentos necessários para promover os resultados desejados no seu trabalho. Por isso, é imprescindível que ele pratique o princípio do Conceito, que é de fundamentar a prática em princípios, valores e técnicas de sua profissão.

O Estilo

O Estilo é elevar a Arte e o Conceito ao mais alto nível de competência.

Começando pelo adágio: o Estilo é o Homem, podemos concluir que cada um de nós tem, naturalmente, o estilo próprio. O que você tem que fazer, então, é impor seu estilo próprio. Impor sua maneira própria de praticar o conceito de sua profissão no mercado.  

Para criar um estilo próprio você terá que fazer valer suas características pessoais e, baseado na fundamentação de sua profissão, seja ela qual for, fazer com que as pessoas, quando olharem para você, digam: eu vejo e identifico sua profissão em você. Daí, as pessoas vão perguntar: em que universidade maravilhosa você estudou? Estudei na mesma em que todos os outros profissionais estudaram. Entendeu a diferença?

Em primeiro lugar é necessário que você seja apaixonado por sua profissão. E que, por isso mesmo, pratique em plenitude tudo o que sua profissão oferece e, assim, faça com que os outros percebam e sintam isso sem qualquer hesitação.

Porém não é só de paixão que seu estilo deve existir. O profissional de comunicação tem que ser completo, tem que saber atuar em todos os segmentos e áreas da comunicação dentro da organização. E fazer isso com uma medida de acerto que o leve a fazer isso sempre bem feito e da primeira vez. Desse modo você será Preciso. Trabalhará para obter o resultado eficaz que a sua ação determinou. Se você não desenvolver essa condição, seu estilo será sempre confundido com os demais. Por exemplo, procure entender e assumir que relações públicas contém o escopo da visão global e estratégica da comunicação organizacional e todo instrumental para atuar nas posições e áreas de comunicação dentro da organização.

Assim, para que seu estilo seja reconhecido e se destaque entre os melhores, você tem que desenvolver e praticar essas duas habilidades, trabalhar com paixão e precisão. O primeiro passo é reconhecer que o conceito e a técnica de relações públicas são aplicáveis em qualquer área ou situação dentro e fora da empresa. Reconhecendo isso, você poderá aplicar seu conhecimento no planejamento estratégico de comunicação e em todos os planos de ações dirigidos aos públicos estratégicos da empresa, seja ele interno ou externos.

Não se deixe impressionar por especializações, como profissional você tem que desenvolver capacidade para atuar nas relações humanas internas e com todos os públicos da empresa.

Terá que saber orientar a alta administração a ter a postura e atitudes corretas para fortalecer o conceito e a imagem empresarial e criar e estabelecer estratégias de relacionamentos com todos os públicos da empresa, sejam eles funcionários, clientes, consumidores, fornecedores, concorrentes, comunidades (responsabilidade social), governo (relações governamentais), imprensa e tantos outros.

Você terá que propor e criar filosofias administrativas de relações públicas, implantar planejamento de comunicação, criar conceitos de atendimento ao cliente, saber administrar crises e tudo o mais que estiver ao alcance de relações públicas para construir um conceito forte e imagem positiva para a organização.

Como você pode observar, o Estilo é elevar a Arte e o Conceito ao mais alto nível de Competência.

Desejo sinceramente que você compreenda o princípio da Arte, Conceito e Estilo e o pratique. Tire todos os benefícios que ele pode oferecer, porque os vencedores serão a empresa para a qual você trabalha, as pessoas que trabalham nela, a sociedade e você.

 

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